quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vodka com bem coca


"Turn it up heat it up I need to be entertained" (Adam Lambert)

Sabe aquele tempo em que você saía na rua a qualquer hora, tinha sempre uma companhia e desejava todo final de semana aproveitar cada segundo antes que chegasse segunda de manhã? Antecipava o feriado, esquecia sua cidade, pensava mesmo que se amarrar não era para os espertos que quebraram a cara um dia como você.

Pois é, deu saudade daquele tempo. Das madrugadas do clube do bolinha, das histórias que só as paredes escondem, dos medos que compartilhamos e das experiências que um dia prometemos contar para os nossos filhos. Parece que vivi em um mundo diferente que me cabia bem, dentro de limitações, mas com minha pessoalidade respeitada. Os amigos eram mais confidentes, mesmo que a confiança não fosse eterna, mas dividia momentos importantes naquele momento. Passei a me isolar do mundo e, pra ser bem sincero, se não é pra estar entre os que me sinto bem, dispenso a presença forçada. Gosto de ser espontâneo e não tenho medo de ser eu. Tenho minhas crises, meus desesperos, mas parece que ocorre certo equívoco de definições. Nunca me abstive em função de ninguém, nunca precisei esconder o que realmente me faz feliz. Só não tolero mais tanta coisa mesquinha, tanto burburinho medíocre, tanto fingimento. Pra ser feliz não é preciso pensar em tantos. Pode ser egoísta, mas que pensemos primeiro em nossos umbigos. Como dizia minha avó, quando o umbigo dói, quem está do seu lado nem quer saber de nada. Só sei que cansei dessa vida que mudou. Água com açúcar perde o efeito quando a mesa de bar se acende. As histórias que ficaram para trás me parecem bem mais interessantes que essa simplicidade de momentos. Não quero aventuras eternas, nem as loucuras impensadas que cometi, só quero fugir do habitual. Saber que hoje a crise consome minha noite, mas que amanhã nem eu mesmo respondo pelo destino. Enquanto isso, um copo de vodka com bem coca.

Texto de Patrick Moraes

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sol de primavera


"Come away with me and I'll never stop loving you"
(Norah Jones)


E no final daquela tarde o vidro do carro parecia refletir um desejo angustiado. Olhou o sol que insistia em se pôr e com ele o final de semana ia embora. Ou o pesadelo terminaria ou de repente mais uma tempestade estaria por vir. Era melhor acreditar na certeza de uma manhã clara e uma rotina tão agradável como antes. Pensou na escada, nas tardes do primeiro mês, no sorvete de domingo, nas surpresas da sexta, nas ligações da semana. Sentiu um arrepio na nuca, parecia criança sem brinquedo, adulto sem razão. Explicação era o que menos queria, só sabia que não podia perder todos os grãos que havia plantado, queria ver crescer e bem de perto. O cheiro de pele, o desejo daquela noite, os corpos, os beijos, tudo parecia ter sido escrito nas páginas de José de Alencar em mais um romance. Os olhos de cólera de Capitu talvez tenham encarnado em outra figura, já não sabia até que ponto a inocência dava lugar às más intenções. E maldade nesse caso era o ponto alto de uma sedução. Queria mesmo mostrar que podia, queria ver prazer nos olhos, ver escorrer sobre os dedos a vontade de mais.

Chegou ao décimo e viu que mais um capítulo estava escrito. Com borrões e à tinta preta. Com adornos alternados de espaços vazios. Só lhe restava a lembrança, o coração que apertava parecendo sufocar. Sabia o que era aquilo tudo, mas preferia dizer que era coisa só dele. Aprendeu a ser forte, a não ceder o coração tão fácil, mas perdeu tudo isso quando o segundo mês chegou. Quem disse que ter medo do amor é coisa dos bobos, não sabe de verdade o que é amar. Agora a janela do quarto mostrava um outro pôr do mesmo sol. Com a destreza que tinha, aprendeu um pouco de Narciso, juntou forças e olhou certeiramente para o ego. Mesmo assim, não queria ser só ele, preferia ver as sementes se tornarem árvores, para que a maçã fosse o fruto da tentação, dividida em dois únicos sentidos.

Texto de Patrick Moraes

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Outro dia de sol


"I'm gonna take a little time, a little time to look around me"
(Mariah Carey)


Precisava mesmo de um dia ao seu lado, daqueles que você consegue fazer ser diferente. Acordar cedo só para ouvir o "Bom dia" mais especial e nos olhos ainda apertados de sono perceber a vontade de me ver. Aproveitar aquela cama que até a baixo já colocamos e sentir o coração tremer quando estava perto de ir.

Precisava gritar contra o vento que eu tenho um amor. Arrancar as flores do jardim por onde passo, naquela típica cena de filme antigo, e levar as mais bonitas só para te ver. Sentir teu cheiro no simples toque que você deixou na minha pele. Olhar para o lado e ver que não consigo andar mais sozinho. A lista de chamadas recentes do celular não consegue mais ficar sem teu nome registrado.

Precisava sentar na porta da sua casa de noite, olhar em teus olhos e perceber que não podemos fazer nada. Talvez a mesma sensação da pizzaria quando ficamos a sós, das brincadeiras na sala de estar amarela e do nervoso no quarto cor de rosa. Mas o céu estrelado, a porta verde e o papel brilhante de chocolate me dizem que você é quem mais importa e, mesmo sendo assim, é gostoso.

Precisava que isso tudo acontecesse assim. Sem vírgulas, sem pontos, sem reticências. Mas que a cada dia a gente registre um parágrafo coeso.

Texto de Patrick Moraes

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O você


"Lembrei do dia em que te conheci, lembrei de quando segurei sua mão" (Leo Verão)

Escrever sobre amores sempre me dá um certo tipo de azar. Acho que isso justifica a minha demora produtiva. Amar rouba tempo, apaixonar mais ainda. Palavras são legais para encantar, para cantar aquele momento ou simplesmente para fazer passar o que eu não queria. Sem dramas e com muita saudade. O você da minha vida mudou mais uma vez.

Mudou porque precisava ser de verdade, precisava de cor especial. Cansei de romance fajuto, cansei de amores falidos. Você é um modelo diferente pra mim, talvez o mais engraçadinho que já tive. É personagem em ação gritando por descoberta, mas sabe esperar o fim do inverno para colher jasmins. Foi pouco tempo, foi muito espaço. Quem pode esquecer os degraus que me fizeram mais feliz? Tua voz no meu ouvido, meus olhos bobos, nosso desejo de parar o tempo. O engraçado é perceber que a fórmula de amar é sempre a mesma, envolve conquista, envolve olhares, envolve o você correr atrás. Roteiro igual acaba tornando o final da trama previsto demais, por isso eu aposto em um ponto de virada que me surpreenda. É, o papel rosa pode até ser bonito, mas há quem prefira o branco que vem dentro. O passeio de mãos dados pode até ser romântico, mas ainda existem outras formas de fazer o coração acelerar.

Agora chega! Falar de você é continuar falando dos vocês com tanta empolgação que acaba perdendo o interesse. Nada melhor que ficar oculto mais uma vez e ganhar teus beijos nos secretos encontros de um dia qualquer. Quero o peito pulsando e no simples aperto de sua mão poder sentir aquele amor de novo.

"Amar é sentir que você sozinho não basta.
É querer que dois seja um e que sem um não existe resultado"

Texto de Patrick Moraes

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Obrigado, anjos!


"E se for, vai levar junto um pedaço de mim."
(Claus e Vanessa)


Eu queria poder entender como os anjos chegam em nossas vidas! Já pensei que a resposta vinha do céu, com aquelas asinhas brancas e uma auréola brilhante. Mas vi que não. Os melhores anjos chegam em circunstâncias diferentes, nos momentos mais adequados e com a intensidade que não se pode adjetivar. Pode ser naquela festa ao som do tuntz tuntz, quando eu dançava sem perceber nada. Ou simplesmente em uma confusão de lugares quando a gente tenta se encontrar para uma saída na rua. Aquela velha parceria de colégio, aquele baú enorme de contos, segredos e estórias do mundo de Alice. Um anjo que nasceu ao meu lado, que cresceu do meu lado.

Ando protegido por meus anjos. Ando protegido com as armas do amor que me cerca. E vocês são escudeiros do bem, da minha felicidade. Sabem de cada reação, daquele olhar inesperado, daquele sentido aguçado, daquele coração acelerado e do meu ego gritando baixinho. Do Rio, da Bahia, de Vitória e de todos os cantos. Longe, perto, vendo todos os dias, sumindo algum tempo, me aconselhando, ouvindo conselhos. Cada anjo tem um perfil para me fazer sentir melhor.

Gosto de anjos palhacinhos, anjos pequenos, anjos simples. Gosto de anjos "impuros", anjos secretos, anjos baús. Gosto de MEUS anjos, aqueles que guardarei no coração por maior que sejam os empecilhos. Anjos que saem a noite, anjos que saem de dia. Anjos que conhecem meu gosto pelo sanduíche da lanchonete ali perto, ou mesmo por belezas infantis. Anjos que sabem me fazer feliz em um domingo a noite na varanda da casa de esquina.

Obrigado, anjos!

Texto de Patrick Moraes

terça-feira, 14 de julho de 2009

Podem ser enganos, podem ser verdades!


"Os deuses, as dúvidas. Pra quê amendoeiras pelas ruas?" (Adriana Calcanhotto)



Mais um ponto final. Mais um parágrafo que resolvi começar na estória. As linhas velhas foram gravadas com tanta delicadeza que acabou se desfazendo no meio da narrativa. Você parecia ser personagem principal, ganhava tamanho espaço na trama, que jamais nenhum mocinho conseguiria. Talvez nem mesmo o boneco loirinho com a blusa listrada foi capaz de segurar a corda que eu sempre quis manter. Não, não é problema do herói, nem existe o vilão que derrubou isso tudo! Apenas a trilha sonora chegou na última faixa e o "Kiss Me" não comove mais como antes.

Outro ponto, outro início de situação. Percepções, riscos e uma atitude que nunca existiu. Apareceu sem sentido, como um elemento a mais na forma de escrever. Dialogal demais não serve. Sem temáticas próprias, num rito de curiosidade e desejo. Talvez fôssemos testemunhas de mais um começo, sem fim. Não existe certeza, não existe engano! Existe a intuição, o querer da novidade, das sensações estranhas, imperceptíveis, inusitadas.

O cheiro! Sim, ficou impregnado até hoje! E na noite fria, ao lado da janela que você tanto gostou, eu senti o perfume. Embaçado, o vidro parece ocultar as luzes lá embaixo, lá em cima, onde você prometou escrever um episódio dos meus contos reais. As luzes vermelhas chamam mais atenção e, no meio delas, o céu é azul demais pra mim. Mas da janela do quarto eu consigo enxergar claridade, eu consigo sentir o calor do vento aqui de cima.

Agora acabaram as certezas. E os enganos ficam para quem não quer enxergar.


Texto de Patrick Moraes

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O pequeno


"Há um menino! Há um moleque! Morando sempre em meu coração."
(14 Bis)


Vi aquele garoto de pés descalços brincando na calçada. Pipa no céu, coração na mão. Mordia os lábios num sinal de apreensão e nem sequer olhava para o lado. O mundo se passava no carro ali em frente, aquele vermelho que buzina sempre na esquina da confeitaria.

Voar não despertava mais seus instintos. Ele corria, se escondia, brincava de fantasiar o herói do cinema. Ter poder, ser o faroeste americano. Talvez sem a mocinha, talvez sem amores. Sabe ser dos vários um só, mesmo sem usar uma máscara colorida ou de metal.

Balbuciava as palavras novas com tamanha maestria que parecia adulto antes do tempo. Puxou minha blusa e pediu ao "tio" um minuto para uma partida de pião. O sorriso ingênuo, as bochechas rosadas e o desejo de companhia reluziram. Peguei em sua mão e fui apresentado ao mundo mágico da diversão.

Parecia ganhar uma nova infância, parecia saber o significado real de felicidade. A casa velha de um passado, os brinquedos inventados, as bugingangas do baú cor de abóbora. Tudo parecia simplesmente ganhar vida. As memórias foram resgatadas impetuosamente. Olhei o menino e vi um eu de tempos.

Foi quando o bonde passou e o sonho se desfez. A criança partiu pela janela, alçou vôo. Mas o espírito natural fincou em mim. O gosto em brincar, em velejar suavemente o barco até aquele horizonte mais distante. Entendi que o sol pode não aparecer sempre, mas vale a pena sorrir quando os pingos da chuva caírem.

Texto de Patrick Moraes

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Mesmo pequeno


"I'm just tryin' to make my way. I'm not a superhero" (The Pussycat Dolls)

Detesto me sentir menor! Saber que não sou aquele experiente todo que tentei te passar. Você é criança ainda, começa a aprender nas quedas. Cada brinquedo no chão te faz derrapar, mas você não tem noção precisa do território. Como dizem por aí, eu tropeço nas minhas armadilhas, nas minhas inseguranças, nas minhas crises. O vidro da janela embaça, a porta se fecha sem deixar uma fresta se quer. Já não tenho o patinho amarelo para me fazer sorrir, já não me sinto tão criança como antes. Eu queria ser você agora, mesmo com seus erros, com seus impulsos, desejo ardendo, cabeça sem pensar demais, INSTINTO.

Até aceitaria a torta de chocolate da esquina e sua companhia. Faria muito bem pra mim sua pouca vergonha, seu jeito discontraído de encarar tudo, sua malícia e suas piadas. Parece que nossa amizade cresce naquela saída de um sábado frio e um bar vazio. Nas conversas secretas com direito a comentários só nossos. Listas, risadas, breves comentários e mais risadas. Você não mente, você não se parece com todo mundo, você é você sem se preocupar em ser simples. E vai crescer, perceber que maturidade veio com o tempo e que certas atitudes foram válidas ali atrás, naquele momento, mas que basta. Pior do que isso é ver o quanto é desinteressante pensar demais antes de agir, resguardar demais antes de ceder, fazer charme, ser mistério. No final, a gente se encontra no mesmo lugar, com as mesmas decepções ou talvez com aquela angústia de um final de tarde no meio da semana.

Mesmo pequeno você me ensina a ser menos o que eu quero e mais o que eu sou. Mesmo pequeno você consegue ser grande na presença, na falta, no espaço que conquista. O carrinho de brinquedo parece correr, o pião roda, o macaco brinca de ser esperto e você joga. Joga sem saber o próximo número do dado, sem saber se o quick da bola vai ser ali. Mas espera que no final tudo acabe bem. Assim como eu!

Texto de Patrick Moraes

terça-feira, 26 de maio de 2009

E cai sempre no amor


"Eu sou o sol da sua noite em claro, um rádio. Eu sou pelo avesso sua pele, o seu casaco."
(Adriana Calcanhotto)


Você chegou, arrancou suspiros, beijos e carinhos especiais. Você continuou mesmo de longe, naquela distância que a estrada fez questão de ir me mostrando aos poucos. E quando eu pensei que você não seria tão importante, você me mostra que sabe enganar bem. Pensei que tinha o domínio da situação, que saberia controlar os passos, as batidas e os movimentos. Mas você soube marcar território, ganhar minha atenção exclusiva e me deixar um completo bobo.

E agora eu vejo a gente em todos os lugares. O futuro parece nem existir se você não fizer parte dos meus planos, se não tiver contigo compartilhando nem que seja um pedaço de pizza na sexta a noite. Parece que o sofá que tanto admirava fica grande demais só pra mim. A cama mesmo pequena me deixa cheio de frio e os outros olhos nas noites de sábado perdem o brilho. Queria nem falar de amor mais uma vez, queria deixar de lado toda essa sentimentalidade que domina os dias longe de você. Mas é impossível não falar de mim, não falar da gente, não cair no amor inconstante. Só faz sentido assim, você nos meus textos, eu em sua vida. Só faz sentido acordar do teu lado e nem ter vergonha da minha cara de sono.

O bolo de chocolate quentinho no forno está pronto! Já que você não pode comer aquele pedacinho hoje, eu assisto aquele programa na TV, leio uma crônica sobre relacionamento e ouço o disco da Roberta Sá. Já que você não me esquenta essa noite, a coberta verde ainda serve de agasalho, mesmo que meu coração fique com saudades dos seus carinhos. E mesmo não vendo a campanhia tocar e ouvindo a porta abrir eu sei que aquele elevador levou o que de mais valioso eu ganhei nesses últimos tempos.

Você é a saudade que eu quero ter, a presença diária e o amor da vida toda.
Texto de Patrick Moraes

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Será que tá afim?


"Eu sinto a falta de você, me sinto só e aí será que você volta?" (Vanessa Rangel)

Os apertos, os tropeços, os amores. Cheguei a escrever que a corda estava esticada demais e o esforço pra não soltar ela estava enorme. Guardei. E hoje seguro com mais força do que nunca. Vale a pena fazer guerra, enfrentar desafios e ter o teu abraço como recompensa. Vale a pena sentir teu cheiro depois de meses ouvindo no máximo sua voz. Quero compensar tudo que perdemos longe quando te vejo. Quero saber te fazer feliz da forma mais intensa. Quero corresponder a tanto carinho, a tanto amor.

Tô afim de amor antes de tudo. Afim de querer querer contigo. De andar junto pelo shopping, de pegar um cineminha no meio da semana só pra ouvir você repetir as frases do filme. Sentar contigo na praça ali em frente e perceber que os olhares alheios não me interessam tanto. Admirar o sorriso que me faz apaixonar e morder teu pescoço sabendo que você vai no céu com isso. Tô afim de encarar isso como uma verdade minha, como uma proposta de felicidade, um caminho de realização. De ser abraçado debaixo da coberta e falar no seu ouvido 'te amo', só pra você não esquecer. Escrever no espelho embaçado uma declaração bobinha, mas que consiga arrancar um riso seu. Chorar pensando que amanhã acaba, mas entender que continua algo bem mais valioso. E quando pensar que acabou, me dar conta de que só está começando. Tô afim de arrancar suspiros com a gente, de irradiar felicidade.

Afinidade, estímulo, vontade de seguir. Caminhar longe, mas de corações trocados. Você cuida do meu e eu cuido do seu. Porque nem vale a pena destrocar, ele só encontra felicidade em suas mãos. Enquanto a regra entedia no comum, a exceção da minha vida se faz em você.

Texto de Patrick Moraes

sexta-feira, 27 de março de 2009

Em quadros coloridos

"Uma parte de mim é permanente,
Outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem,
Outra parte, linguagem."
(Adriana Calcanhotto)


O novo universo se abre. Parece que o segredo não existe mais e a transparência fica mais clara do que nunca. Surgem amizades, surgem novos contextos. Sinceridade acima de tudo, pra saber que aquele papel fica ali, estático e dinâmico ao mesmo tempo. Em dimensões distintas de pensamentos e oratória. O baú abre aos poucos a tampa e de repente os anéis de brilhante escondidos no fundo aparecem. Cuidar dessa nova jóia é a missão daqui pra frente. Agora é esperar pra ver se o que reluz é ouro. E os outros (pré)desejos? Pra quem não sabe, por trás de uma ação sempre existe uma intenção. É melhor separar as coisas, porque misturada vai azucrinar demais o juízo.

De parte em parte se consegue montar os melhores vitrais. E na vida não pode ser diferente. Cada cor encaixa da forma mais harmoniosa e cada reflexo do espelho traduz os inconstantes sentimentos da alma. Etapas não foram feitas para serem puladas, muito menos parar é a saída. Será que consigo convencer e mudar aquela resposta mais evidente? "Nem mentir, nem impor, apenas persuadir". Talvez as respostas fixas fujam da teoria, talvez sejam refutáveis e encontrem hipóteses mais interessantes e confirmadas. "Quando a gente quer, a gente sempre dá um jeito".

Que chova mais, que entardeça mais.
Mas que comece o outono, para assim a pelagem (re)fazer as criações íntimas.

Texto de Patrick Moraes

segunda-feira, 23 de março de 2009

A distância de um janeiro


"There's a chemistry, energy, a synchronicity" (Corinne Bailey Rae)

Perco os sentidos e até o senso quando penso em futuro. Os sonhos parecem ultrapassar a realidade e me tiraram os pés, a cabeça voa sem conseguir impôr limites nessa aventura. Esqueço que amanhã o sol vai nascer, a cidade vai se movimentar, aquele velho ônibus vermelho desce a ladeira e a rotina volta. Nem sempre é tão simples, nem sempre é tão fácil! Até pra fazer loucuras aprendi a analisar melhor. Engraçado como o tempo nos amadurece aos poucos.

Os janeiros me fazem tanta falta. Acho que esse é, definitivamente, o meu mês. Imaturo, impensado, imprevisível, INCRÍVEL. As férias me libertam, o sol me enlouquece e os amores... ah, esses são tão intensos que parecem nunca terem fim nas lembranças. Talvez eu deva aprender a viver mais "enjaneirado" o quanto puder. Sei lá, deve me fazer bem!

O celular vibra, o coração sabe o que deseja ler. A mensagem se compõe em palavras tão inesperadas quanto entusiasmadas. Você parece saber me conquistar mais. E, pra te dizer melhor, a distância que nos mata é a mesma que pode fazer você ser diferente. Bom mesmo é matar saudade, é dizer te adoro com frequência menor e intensidade maior, é ter poucas oportunidades de te olhar mas não conseguir cansar nenhum segundo. Se vai ser o ideal ou não, sou a pessoa menos provável de te responder. Mas que "eu aposto boas fichas nesse jogo" não tenha dúvidas.

"Tanta coisa em comum, deixando escapar segredos!
E eu não sei em que hora dizer, me dá um medo."
Texto de Patrick Moraes

quinta-feira, 19 de março de 2009

Naquele domingo


"And by protecting by heart truly, I got lost in the sounds" (Regina Spektor)
Parece coisa do destino. Aquela manhã de domingo tinha tudo pra ser entediante. Quando o interfone resolve incomodar meu sono. Maior incômodo talvez seria ouvir aquele senhor - talvez nem tão senhor assim - falar, falar e falar. A cama de repente era minha novamente, mas agora o pensamento conseguia dominar aquela delícia de sono que eu tinha. As palavras mencionadas talvez tenham sido na hora exata, "tudo no tempo certo"! Apressar é querer que tudo saia errado, é possivelamente dar um passo em falso e cair nas armadilhas que poderão estar a caminho. Mas sinto falta daquilo que deixei sem terminar. E parece que não terei tempo tão cedo de fazer isso. Meus medos e minha "gritante coragem" talvez estejam em eterno duelo. Por você eu assumiria os riscos? Não sei se vale a pena, mas também não tenho motivos para não querer arriscar. E mais uma vez o passado consegue me prender nesse quarto e me mostrar que liberdade ainda não é meu estágio de vida. Parece que os beijos na escada ficaram para uma outra hora e que o ônibus no qual eu partiria saiu mais cedo que minha confiança em arrumar as malas. As opções as vezes são claras, as decisões que complicam. A noite de sábado poderia ser a mais perfeita do ano, superando aquela de janeiro em que o seu mundo foi apresentado a mim. Poderia ter o melhor sorriso hoje pela manhã e nem mesmo ter ouvido aquele "senhor" no interfone. Mas sabe, Gossip Girl com bolacha de chocolate não é tão mal assim.

Simples escolhas me fazem ser previsível. Quem sabe um dia eu consiga me surpreender e trazer a segurança com o senso de aventura daquele passado. Desvios de rota é natural! O menino não pode dá lugar ao "rapazinho" AINDA.

Texto de Patrick Moraes

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Talvez o jogo comece agora!

"So please don't stay in touch" (Lily Allen)

É quando eu percebo que educação ficou pra poucos. Até anteontem o tratamento era outro, as respostas eram certas e ser sincero era seu lema de ordem. Engano meu apostar as fichas em alguém que nem merecia estar em jogo. Acho que dessa vez você pisou na bola e feio. Se eu não tinha defeitos pra te apontar, agora eu tenho uma lista. Você mesmo fez questão de me mostrar a face que se escondia. Mas te garanto que não tô em prantos por tudo, talvez o sentimento de tristeza não caiba nessa situação. Pensei que era muito, mas talvez nem seja essa a proporção. Você cultivou e conseguiu degradar em instantes. Amizade a gente constrói com verdade, será mesmo que seu diálogo me convence?

É tropeçando que se fica atento e mesmo nas pedras mais pequenas você pode escorregar. Certamente são nessas que levamos os melhores tombos. Pior é que antes de cair, poderia ter te derrubado. Mas quero te ver em pé, grande e erguido, porque assim a "luta" fica mais acirrada. As armadilhas que você constrói as vezes te fazem tropeçar onde menos espera. Mas os dados estão na mesa e a roleta não pára de rodar. Até o fim da partida, muitas cartas estarão sobre a mesa e o cheque-mate te espera.

E sigo.

Texto de Patrick Moraes

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Se eu fosse você...


"I wish you'd never forget the look on my face when we first met" (Kate Nash)

Se eu fosse você eu sonharia com o casamento perfeito. Teria dois filhos, uma cama de casal, moraria no Leblon e escrevia o maior sucesso de vendas literário. Talvez uma trilha num final de semana ou uma praia com aquele pôr-de-sol na Bahia. Um cineminha em plena segunda de noite para começar a semana bem. Aquecer sua mão na minha, fazer carinho, sentir encanto.

Se eu fosse você eu diria todo dia que o melhor é não se prender. Mas diria também que quando o coração acelera é porque valeu a pena. Ou valerá! Tudo uma mera questão de tempo. E talvez sentir saudade é mais angustiante que não ter do que lembrar.

Se eu fosse você apertaria o player do som e dançaria a música da sua vida. Gritaria tudo que está preso na garganta. Nada mal fazer daquele sofá um palco de show, não? E talvez até alguém como espectador para completar a noite.

Se eu fosse você eu esqueceria os amores do passado, mudaria de cidade amanhã e tentaria ser feliz de outra forma. Outro ângulo do quadrado? Uma janela de ônibus me liberta. Ou me prende de vez. Atravessaria a ponte olhando pra baixo e veria que do meu lado tem alguém me protejendo.

Se eu fosse você eu seria exatamente assim.
Singelo, interessante, talvez indefinível,
mas cativante o suficiente para prender.

Texto de Patrick Moraes

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Que comece!


" 'Cos it was on a hidden bit that nobody else could see" (Kate Nash)

A trajetória recomeça, que lancem os dados. Lembro como se fosse hoje começando o ano que passou. Eu fazia planos, bem parecidos com os atuais. Possivelmente não eram concretos a ponto, mas eram intensos. Alguns deram certo, outros... nem tanto. As coisas ocorreram da forma mais exata possível, não pude, e nem quero, mudar uma vírgula do texto. Confiança no tempo foi a grande lição. Convicção e coragem. Se não houver desejo, não haverá verdade! Direção, apontar a rota e seguir. Se não for assim, não vai. E foi!

Com toda liberdade do mundo, eu senti que faltava. Senti falta daquele aconchego de família, aquele carinho de vó. O melhor lugar do mundo reside aqui, nessa cama de quarto que um dia foi meu, debaixo dessa coberta, quentinho, ouvindo Kate Nash. Senti falta daqueles amigos que ficaram longe, daqueles papos que ficaram mais curtos, daqueles abraços que ficaram mais raros. Senti falta daquele colégio que acabou de vez, das aulas chatas em plena segunda de manhã e dos intervalos que quase não havia o que fazer. O trem passou, assim como essa primeira parte da liberdade vai passar. E agora é hora de aprender mais; experimentar, quebrar a cara, saber o que vale a pena.

Planos? Os maiores e melhores possíveis. Quero escrever um texto que eu possa guardar para o resto da vida dentro do baú e lembrar do momento a cada vez que ler. Quero ganhar um livro de presente junto com o cd daquela cantora preferida que eu tanto ouvi no notebook. Quero chorar de saudades daquela amiga que está longe e pular de alegria quando abraça-la. Quero passar um dia inteiro deitado na cama, pensando nas complicações da minha vida e comendo um pote de jujubas. Quero olhar em teus olhos e dizer 'te amo' com a maior verdade que meu coração um dia poderá dizer, pra depois me surpreender com teu beijo.

Mais amor. Mais música. Mais sabedoria.
Quero mais vida.

Texto de Patrick Moraes