quarta-feira, 11 de maio de 2016

Deixa eu bagunçar você


Para ler ouvindo "Zero"

Esquece todos os seus medos hoje e se aconchega aqui do meu lado. Esquece aquele amor que ainda dói e todas as cicatrizes que carregam suas histórias no peito e na pele. Esquece a malinha de mão onde você guardou seus apegos e tudo que não te permite voar. Esquece a rotina que ainda te coloca em uma gaiola.

Esquece a porta aberta e me permite entrar. Deixa que os nossos silêncios falem por si. Esquece teu olhar em cima do meu e deixa que ele conduza toda poesia que nosso corpo implora. Esquece os segredos que você guarda e só se entrega. Faz desse encontro o lugar ideal para a liberdade que você tanto procura, e deixa eu te dizer o quanto nossos desejos estão certos.

Esquece teu abraço aqui em casa e, se der, volta para buscar. Esquece as datas, mas lembra os momentos. Esquece todas as vezes que a gente se desencontrou por qualquer motivo e dá crédito ao que o tempo reservou para nós. Faz de conta que a gente só tem o hoje e esquece os anseios do que nos aguarda.

Esquece o amanhã, as possibilidades, os poréns. Esquece todas as suspeitas que o incerto insiste em te convencer e deixa acontecer. Esquece o que não te faz rir e compartilha comigo tua felicidade. As cócegas deitado na cama, o susto daquele beijo roubado, o encontro inesperado naquele fim de tarde após o trabalho. Esquece a previsão e faz da gente o melhor acaso.

Esquece tudo que você arrumou desde os dezesseis anos: os planos, o pedido de namoro, o casamento, a casa, o quintal. Esquece o príncipe e o castelo imaginário, a história perfeita e o amor ideal. Esquece o coração aberto e deixa eu bagunçar você. Talvez assim a gente consiga se encontrar melhor e refazer nossas vidas no meio dessa bagunça que é amar.

Texto de Patrick Moraes
Foto de Matteus Palmeira