segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Eu decidi esperar você


Para ler ouvindo "Singular"

Eu decidi esperar por você desde a primeira vez. Mesmo sem fazer a menor ideia de que era você, eu esperei você mandar aquele “oi” como quem me permite dar mais um passo. E depois eu esperei você na fila do cinema, com um balde de pipoca e algumas borboletas acordadas, para assistir a um filme qualquer e poder, de perto, ver se nossas mãos se encaixavam. Eu decidi esperar você quando te disse adeus na porta de casa, de malas prontas e sem nenhuma certeza de futuro.

Sabe, menino, ir contra a maré é o forte dos teimosos e quando eu coloco meu coração em alto mar, se afogar é apenas um risco para um marujo. Foi aí que eu decidi esperar até o próximo beijo, até a próxima despedida, até o próximo reencontro. Decidi esperar nossa história ser escrita com o peito aberto, sabendo que cada noite com a tua ausência seria recompensada pelos sorrisos da tua presença.

Entre o sim e o não, eu te disse “sim”. Longe de todo o nosso mar, perto de tudo que a gente sonharia em chamar de nós a cada novo nascer do sol, eu decidi que seria o seu corpo o meu melhor refúgio e o seu abraço a melhor forma de pertencer a algum lugar sincero e aconchegante. Mesmo quando as tempestades insistissem em aparecer e tudo parecesse desmoronar, decidi esperar você se recompor. Eu sabia que a tua calma era questão de tempo e entreguei minhas mãos para que você soubesse sempre onde ancorar quando a maré enchesse.

Eu decidi compartilhar meus sonhos contigo cada vez que a gente dividiu o travesseiro e sua cama de solteiro. E mesmo que, algum dia, a gente desista disso tudo, eu sei que fomos o melhor que podíamos ser durante todo esse tempo em que nossos sorrisos estão juntos. A questão, menino, é que eu continuo te esperando, de janela aberta, coberto de saudade e com os sonhos brilhando nos olhos. E cada vez que eu decido esperar, é porque eu sei que a paciência é o exercício mais nobre para quem ama, e o amor faz sentido cada vez que eu olho para você perto de mim.

Texto de Patrick Moraes