sexta-feira, 27 de março de 2009

Em quadros coloridos

"Uma parte de mim é permanente,
Outra parte se sabe de repente.
Uma parte de mim é só vertigem,
Outra parte, linguagem."
(Adriana Calcanhotto)


O novo universo se abre. Parece que o segredo não existe mais e a transparência fica mais clara do que nunca. Surgem amizades, surgem novos contextos. Sinceridade acima de tudo, pra saber que aquele papel fica ali, estático e dinâmico ao mesmo tempo. Em dimensões distintas de pensamentos e oratória. O baú abre aos poucos a tampa e de repente os anéis de brilhante escondidos no fundo aparecem. Cuidar dessa nova jóia é a missão daqui pra frente. Agora é esperar pra ver se o que reluz é ouro. E os outros (pré)desejos? Pra quem não sabe, por trás de uma ação sempre existe uma intenção. É melhor separar as coisas, porque misturada vai azucrinar demais o juízo.

De parte em parte se consegue montar os melhores vitrais. E na vida não pode ser diferente. Cada cor encaixa da forma mais harmoniosa e cada reflexo do espelho traduz os inconstantes sentimentos da alma. Etapas não foram feitas para serem puladas, muito menos parar é a saída. Será que consigo convencer e mudar aquela resposta mais evidente? "Nem mentir, nem impor, apenas persuadir". Talvez as respostas fixas fujam da teoria, talvez sejam refutáveis e encontrem hipóteses mais interessantes e confirmadas. "Quando a gente quer, a gente sempre dá um jeito".

Que chova mais, que entardeça mais.
Mas que comece o outono, para assim a pelagem (re)fazer as criações íntimas.

Texto de Patrick Moraes

segunda-feira, 23 de março de 2009

A distância de um janeiro


"There's a chemistry, energy, a synchronicity" (Corinne Bailey Rae)

Perco os sentidos e até o senso quando penso em futuro. Os sonhos parecem ultrapassar a realidade e me tiraram os pés, a cabeça voa sem conseguir impôr limites nessa aventura. Esqueço que amanhã o sol vai nascer, a cidade vai se movimentar, aquele velho ônibus vermelho desce a ladeira e a rotina volta. Nem sempre é tão simples, nem sempre é tão fácil! Até pra fazer loucuras aprendi a analisar melhor. Engraçado como o tempo nos amadurece aos poucos.

Os janeiros me fazem tanta falta. Acho que esse é, definitivamente, o meu mês. Imaturo, impensado, imprevisível, INCRÍVEL. As férias me libertam, o sol me enlouquece e os amores... ah, esses são tão intensos que parecem nunca terem fim nas lembranças. Talvez eu deva aprender a viver mais "enjaneirado" o quanto puder. Sei lá, deve me fazer bem!

O celular vibra, o coração sabe o que deseja ler. A mensagem se compõe em palavras tão inesperadas quanto entusiasmadas. Você parece saber me conquistar mais. E, pra te dizer melhor, a distância que nos mata é a mesma que pode fazer você ser diferente. Bom mesmo é matar saudade, é dizer te adoro com frequência menor e intensidade maior, é ter poucas oportunidades de te olhar mas não conseguir cansar nenhum segundo. Se vai ser o ideal ou não, sou a pessoa menos provável de te responder. Mas que "eu aposto boas fichas nesse jogo" não tenha dúvidas.

"Tanta coisa em comum, deixando escapar segredos!
E eu não sei em que hora dizer, me dá um medo."
Texto de Patrick Moraes

quinta-feira, 19 de março de 2009

Naquele domingo


"And by protecting by heart truly, I got lost in the sounds" (Regina Spektor)
Parece coisa do destino. Aquela manhã de domingo tinha tudo pra ser entediante. Quando o interfone resolve incomodar meu sono. Maior incômodo talvez seria ouvir aquele senhor - talvez nem tão senhor assim - falar, falar e falar. A cama de repente era minha novamente, mas agora o pensamento conseguia dominar aquela delícia de sono que eu tinha. As palavras mencionadas talvez tenham sido na hora exata, "tudo no tempo certo"! Apressar é querer que tudo saia errado, é possivelamente dar um passo em falso e cair nas armadilhas que poderão estar a caminho. Mas sinto falta daquilo que deixei sem terminar. E parece que não terei tempo tão cedo de fazer isso. Meus medos e minha "gritante coragem" talvez estejam em eterno duelo. Por você eu assumiria os riscos? Não sei se vale a pena, mas também não tenho motivos para não querer arriscar. E mais uma vez o passado consegue me prender nesse quarto e me mostrar que liberdade ainda não é meu estágio de vida. Parece que os beijos na escada ficaram para uma outra hora e que o ônibus no qual eu partiria saiu mais cedo que minha confiança em arrumar as malas. As opções as vezes são claras, as decisões que complicam. A noite de sábado poderia ser a mais perfeita do ano, superando aquela de janeiro em que o seu mundo foi apresentado a mim. Poderia ter o melhor sorriso hoje pela manhã e nem mesmo ter ouvido aquele "senhor" no interfone. Mas sabe, Gossip Girl com bolacha de chocolate não é tão mal assim.

Simples escolhas me fazem ser previsível. Quem sabe um dia eu consiga me surpreender e trazer a segurança com o senso de aventura daquele passado. Desvios de rota é natural! O menino não pode dá lugar ao "rapazinho" AINDA.

Texto de Patrick Moraes