terça-feira, 27 de março de 2012

Novos poemas de amor




E se foram os velhos textos, os sentimentos castigados e amadurecidos com o passar daqueles dias. Alguns exautivos, outros absurdamente prazerosos. Remoí alguns momentos, mas decidi que agora só teria novidades. Andei por mais alguns metros, me distanciei e olhei pra trás menos impaciente e mais cuidadoso.

Talvez eu tenha demorado de escrever a carta final, o parágrafo que soasse melancolicamente uma despedida, a frase que arrematasse tudo que foi vivido. Beijos e lágrimas podem definir algo que não me tirou do chão, apenas me deu vôos rasos. O legal é pensar que os velhos poemas de amor, que ainda estão sobre o banco de uma gangorra, me deixam absurdamente entusiasmado em tê-los de volta. Engraçado sofrer pela falta do sofrimento, gritar pela falta de confusão, remoer pelo que hoje virou vazio em meio a explosões de outros tempos.

Sentei no banco de madeira logo ali, no meio da confusão, e revi os pedacinhos de papéis que fui guardando na bolsa, antes de atirá-la ao mar, em um pedido de conforto. E se algum minuto dos próximos dias eu sentir saudade daqueles pedaços escritos à mão, lembrarei que estarão tão apagados quanto minhas aflições. Saudade fica, saudade vai. No fim, quero sentir falta daquilo que ainda não veio, daquilo que ainda não senti, daquele que seja pelo menos um vazio cheio de novos poemas de amor.

Texto de Patrick Moraes

cheio de vazios
que transbordam
seus sentidos 
pelo meio.
Paulinho Moska


sábado, 10 de março de 2012

Doce menos doce



So we keep waiting on the worldto change?
adaptada de John Mayer

Cansei de levar a banho maria uma sobremesa que simplesmente caramelizou. É, derrete toda hora e não consigo entender o ponto certo de tirá-la do fogo. Talvez não seja uma sobremesa a melhor metáfora que trago. Talvez nenhuma comparação consiga ser tão próxima de um bicho estranho chamado ser humano. Olho pra gente e vejo simplesmente dois momentos tão distantes que qualquer um com as lentes apuradas ririam dos dois macaquinhos que brincam de ser feliz. Nossos sorrisos são sincronizados, nossos beijos torturam qualquer olhar, mas nossos passos talvez sigam trajetos tão diferentes que está ficando complicado continuar de mãos dadas.

Não consigo viver daquele romantismo exagerado, daquele amor jogado aos seus pés. É piegas pra mim! Os motivos de pensar assim talvez sejam até mais piegas, mas é o passado. O tempo cura, mas não leva a cicatriz. Clareia, esconde, faz esquecer, mas se tornou tatuagem. Priorizar algo é como ter um filho, é querer mais que o mundo, ou simplesmente querer o mundo dando certo com aquilo. Não me venha com crises de romantismo, ora pois! Me venha com crises de afeto ou não venha. Se isso não te basta, que paremos. Nada mais me apetece como antes. Pra constar, ando mesmo é enjoado de tantos doces e tantas formas caramelizadas. Pimenta, cadê?

Texto de Patrick Moraes