domingo, 27 de julho de 2014

Se você aceitasse ficar



Eu até te prometeria arrancar um sorriso todos os dias se você aceitasse ficar. Nossos planos para o próximo fim de semana ganhariam o aconchego da minha cama ou a temperatura exata do seu abraço. Nossos olhos se bastariam quando só restasse a luz do céu naquela imensidão de sentimentos calados. Eu te ofereceria um vinho, você me ofereceria as histórias daquela cidade pequena. Eu te daria um sorriso no olhar, você me faria entender que um simples aperto de mão poderia acalentar a alma. 

Eu até te diria que o tamanho do seu abraço é capaz de cobrir meu peito inquieto se você aceitasse ficar. A gente ouviria juntos todas as músicas que me lembram você e você me faria lembrar de mais um disco inteiro de composições que seriam nossas. Eu deixaria você dormir em meu peito enquanto eu acariciava seu cabelo preto, e juro que não te acordaria dizendo que estava na hora de ir embora.

Se você aceitasse ficar, eu te contaria os meus medos, os meus sonhos e os desejos que andei tendo ultimamente. Te pediria para dividir comigo os planos para o próximo verão e os sonhos para todos os outros invernos. Eu até aceitaria criar um cachorro e fazer dele o nosso primeiro filho. Mas eu queria mesmo era alimentar, com seus afagos, esse coração bobo que colocaram aqui dentro e me mandaram aprender a viver.

Se você aceitasse ficar, eu te contaria que as nossas histórias renderiam mais poemas do que Drummond, Pessoa e Clarice, um dia, sonharam em escrever. Nossa rima não seria a mais exata, mas nossos versos seriam capazes de dar cor aos dias cinza. Sua presença ajeitaria todo desconforto de andar sozinho, de deitar sozinho, de compor para alguém que nunca chegou ou nunca aceitou ficar. 

Até te daria o que não tenho, se você aceitasse ficar. Preparava a casa, sua sobremesa preferida e o maior sorriso para te receber de malas prontas. Faríamos das paredes do quarto os muros do nosso esconderijo e te faria confessar todas as palavras que você guardou por medo de eu não ser capaz de aceita-las. Se doesse aí, eu acalmaria de cá. Se bagunçasse aqui, você arrumaria lá. Se você aceitasse ficar, eu mataria a saudade e faria dela uma lembrança gostosa do jeito como o nosso amor ousou começar.

Texto de Patrick Moraes