E se foram os velhos textos, os sentimentos castigados e amadurecidos com o passar daqueles dias. Alguns exautivos, outros absurdamente prazerosos. Remoí alguns momentos, mas decidi que agora só teria novidades. Andei por mais alguns metros, me distanciei e olhei pra trás menos impaciente e mais cuidadoso.
Talvez eu tenha demorado de escrever a carta final, o parágrafo que soasse melancolicamente uma despedida, a frase que arrematasse tudo que foi vivido. Beijos e lágrimas podem definir algo que não me tirou do chão, apenas me deu vôos rasos. O legal é pensar que os velhos poemas de amor, que ainda estão sobre o banco de uma gangorra, me deixam absurdamente entusiasmado em tê-los de volta. Engraçado sofrer pela falta do sofrimento, gritar pela falta de confusão, remoer pelo que hoje virou vazio em meio a explosões de outros tempos.
Sentei no banco de madeira logo ali, no meio da confusão, e revi os pedacinhos de papéis que fui guardando na bolsa, antes de atirá-la ao mar, em um pedido de conforto. E se algum minuto dos próximos dias eu sentir saudade daqueles pedaços escritos à mão, lembrarei que estarão tão apagados quanto minhas aflições. Saudade fica, saudade vai. No fim, quero sentir falta daquilo que ainda não veio, daquilo que ainda não senti, daquele que seja pelo menos um vazio cheio de novos poemas de amor.
Texto de Patrick Moraes
cheio de vazios
que transbordam
seus sentidos
pelo meio.
Paulinho Moska
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