sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ainda aqui



Will our memories survive?
Whitney Houston

Já não sei se o desejo veio logo de manhã, quando acordei e não te vi mais do meu lado, ou a noitinha, quando ainda olhava da janela do meu quarto aquela hora em que você me abraçou tão doce que eu pedi pra ser eterno. Mesmo que passe durante o almoço, mesmo que eu esqueça os toques momentaneamente enquanto outros copos e outros gostos me tomam, o desejo sempre retorna em uma velocidade descompaçada incapaz de deixar meu coração acompanhar o ritmo bumerangue de tudo isso.

Sentei na calçada ali perto e pensei em ver tua bicicleta parada no muro, aquele mesmo que você escreveu "você é o amor que eu vou levar para sempre". Eu sei, cada palavra veio em inglês e bem pequenas, como pedaços de cupcakes com confetes tão coloridos que não fui capaz de devorar tudo. Igual ao nosso amor, igual aos nossos carinhos. Ainda que intensos, nunca foram capazes de ser entregues completamente. Preferiam doses homeopáticas, pacientes, delicadas. Preferiam viver um jogo de conquista com restrição para adultos práticos e crianças ainda cegas de amor.

Hoje, quando me perguntam sobre nós, apenas digo que no fim, seremos nós. Ainda os mesmos tolos apaixonados que um dia acreditaram no felizes para sempre, sem se dar conta que toda grande série de sucesso precisa de hiatos para criar expectativa.

Texto de Patrick Moraes

Nenhum comentário: