Para ler ouvindo "Meu Plano"
Sempre acreditei que tudo - absolutamente tudo - era uma questão de escolha. Escolher uma roupa e não saber exatamente se, no fim do dia, o frio vai te fazer desejar um abraço quente ou o calor te fará dividir uma cerveja no bar mais próximo. Escolher sair de uma relação em que os risos são mais raros que as brigas ou acreditar que, na manhã seguinte, ainda existirão flores para serem colhidas em uma possível segunda chance.
Entre todos os caminhos propostos e algumas vias alternativas, dia desses, acabei me deparando com o acaso. Parecia vestido de escolha, mas ele acabou me deixando poucas saídas. Sem o romantismo do amor à primeira vista, muito menos a balela de que amor a gente constrói, o acaso me trouxe você e ponto. Sem os clichês de filmes, mas com a dura realidade de que o nosso tempo estaria sendo contado por uma espécie de bomba relógio. A explosão da despedida não causaria danos físicos, mas deixaria um rastro de saudade que a gente jamais conseguiria calcular se não tivesse aceitado viver. E vivemos. Como dois apaixonados pelo acaso, fomos cúmplices de pequenos prazeres sem culpa.
Você, impiedoso, não me deu a chance de seguir olhando para frente. Eu, irresponsável, te entreguei algumas pistas do que seríamos se não houvesse essa tal da distância. O acaso, brincalhão, riu de nós dois e nos fez jurar uma espera cruel. Juramos e seguimos, com uma pequena vontade de, outra vez, entregarmos cada pedacinho de paixão entre beijos, sussuros e um pouco de frio no meio daquele verão.
Pensando bem, acho que até o acaso é capaz de te colocar contra a parede exigindo que você escolha entre correr riscos ou viver na solidão. Do alto da gangorra, eu escolhi me apaixonar quando o acaso me apresentou você. Mas o problema de se apaixonar não é o risco de não dar certo, é a possibilidade de sentir saudade daquilo que desperta a paixão.
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