"Eu você e todos os encontros casuais. Os ais e os hão de ser e todos os casais... Tudo passa."
Marcelo Camelo
Quero você do meu lado, como aquele dia no sofá, com a luz apagada e um pequeno brilho que vinha da varanda em nossa frente. A gente já não era mais os mesmos. Você continuava cheio de beleza, com aquelas conversas bobas e aquela intensa pirraça que ainda me fazia te olhar torto, mas cheio de vontade de rir. Eu já não te queria como antes, eu te queria como nunca tive, de braços fechados e salivas trocadas no meio da noite com outro qualquer. Outro que jamais teria nome ali, era impessoal e sujeito comum, que não completa sequer uma oração, quanto mais formará aqueles longos períodos que a gente escreveu.
Sim, eu ainda tinha ciúmes. Mas não era aquele desejo excessivo de matar alguém porque você fazia parte de mim. Era o gosto amargo de ter te perdido, de ter aberto mão, de sentir alguns grãos de areia escorrer pelos dedos. Lembro que desde pequeno eu achava que poderia segurar toda a praia com apenas um aperto de mão. Nunca gostei de baldinho e sempre construi meu castelo sozinho, mas chorava ao vê-lo despedaçar com a onda por não ter ouvido meus primos berrando que o lugar estava errado.
Desisti de acreditar que eu era capaz de segurar tudo em minha mão. Fiz birra, chorei, resolvi mergulhar no mar e voltar limpo, de alma lavada, mas o coração ainda se mostrava fechado pra você. Se eu voltar um dia para aquele sofá, me despeço com um beijo, dessa vez com gosto de carinho, como nunca perdemos um pelo outro. Dissolvemos, decerto, em outros sentimentos azedos, instingantes, desejados por uns, mas que nunca vingaria pra sempre. Se nosso amor não vingou, por que nossa eterna briga de casal separado vingaria? E que fique a ternura, o beijo na mão de cada encontro nos fins de tarde e os doces que sempre nos fizeram mais amigos.
Texto de Patrick Moraes
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