sexta-feira, 11 de março de 2011

Linhas tortas de um Carnaval


Escrevo com tanto tremor
as linhas tortas de um Carnaval
que pareço viver agora
a intensidade do teu abraço.

Já havíamos decidido ser outros dois e nos fazer um casal diferente daquela construção mal acabada. Resolvi te dar a chance de mais uma vez ser, no mínimo, companheiro. Eu até pensei na possibilidade de me atrair de novo, mas o coração só chiou baixinho quando te vi na primeira vez. Superei e ainda sairíamos amigos disso tudo. Ótimo se fosse assim!

Pontualidade realmente não te pertence. Acho que em sua fabricação esqueceram o relógio e acrescentaram mais mãos do que deveria. Mãos de afago, mãos de cafuné gostoso, mãos de um simples segurar na cintura. E de repente eu queria sentir toda a felicidade daquele lugar, engolir cada simples sorriso que exalava dos quatro cantos e subir, o mais alto que eu pudesse, gritando cada pedaço da música. Dançamos, sorrimos e você disse que naquele momento me queria. O chiado simplesmente emudeceu e sorriu, baixinho ainda, tímido. Te dei a possibilidade de me fazer feliz e você conseguiu tornar inesquecível. Se amanhã não for, não tem tanta importância, você foi inteiro ali, comigo. Nossos olhos se beijavam e teu sorriso queria me devorar.

Aí veio a vontade de mais. Veio o desejo de te fazer companhia por pelo menos mais algumas horas, de uma tarde de final de Carnaval. Resolvi arriscar, deixar que os foliões alegres moressem de inveja de nós dois, e sorrir do teu lado naquela fila imensa do cinema de quarta. Resolvi simplesmente me permitir a sensação de perigo. Ganha o jogo quem conseguir levar tudo isso adiante, ganha o jogo quem conseguir sorrir a cada vez que encontrar os olhos pidões do outro. Só perde quem não quiser ganhar, e isso não é assunto pra um dado que mal começou a rodar.

Texto de Patrick Moraes

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