sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Confessional


We were born and bred in a summer haze bound by the suprise.
(Adele)

Sexta-feira, nublada, chuvosa, do jeito que há muitos dias eu não sentia. Ainda estava naquela cidade, ainda vivia em pleno verão, mas talvez aquele fosse um pequeno indício que nada permanece como está pra sempre. Já não sei mais o que me basta, acho que sumiram com a peça do quebra cabeça que continua a sequência de amores inacabados e alucinantes. Rasgaram! A folha rosa citilante caiu na poça de lama logo ali em frente e perdi a vontade de me melar para salvá-la. Experimentei novidades da mesma essência sem consistência e vazias.

Cheguei até a passar na porta do passado, e, por pura fragilidade, olhei pelo portão em busca de uma luz acessa. E se tivesse luz? Já não sei se prefiro ficar no escuro ou me fazer cego em meio a holofotes descaradamente sofríveis. Mas passado gostoso que se preze tem que machucar pra ser lembrança. Cresci aqui, mas parece que deram corda para o boneco agora. Talvez eu queira um eterno verão, sem amarras, com uma dose de segredos, porém com um queimor angustiante no final da noite.

Acabei aceitando a caixa de chocolate e deixando o sentimento de cada bombom de lado. Não me tornei amargo, só não quero ser doce a ponto de enjoar na última mordida. Antes do final a gente pode escolher parar e dar continuidade em outra frequência. E melhor que sejamos sinceros, que fiquemos perdidos em nossas confusões e que, mais cedo que ontem, você descubra o quanto eu posso tropeçar em certezas. Não, eu simplesmente crio barreiras quando a visita não é bem vinda. Nos demais casos? As portas vivem destrancadas, é só bater com jeito e limpar os pés no tapete vermelho antes de entrar.

Texto de Patrick Moraes

Um comentário:

Neto Miná disse...

Auditorio do Ibirapuera!
*-*