sexta-feira, 19 de novembro de 2010

No fim, sussurre


Somos feitos de intencionalidade, de desejos, de vontade de provar que o ângulo certo é formado no encontro dos nossos catetos. Somos um amontoado de mentiras organizadas minunciosamente para forjar uma verdade tão real que finca. Finja, seja apenas mais um artista de praça jogando confetes e malabares e nunca esqueça de sorrir. Ou simplesmente pegue o papel de suposto herói e faça do seu balaio de verdades uma mentira reformulada, criada, conveniente.

Destrua pontes, desfaça ligações, berre! Mas grite com força. Só assim você conseguirá fazer com que os sussurros sinceros sejam transformados em silêncio. O calar envergonhado, o olhar de canto de rosto por sentir apenas desprezo com tanta cena, com tanto palco. E aqui, há quem prefira ficar na coxia, rindo, aprendendo a ser artista com o pouco que lhe sobra nos bastidores, com o muito que lhe é dado nas fichas técnicas e nos roteiros escritos com intuição de quem quer um dia brilhar.

Talvez os fatos espetacularizados aqui não precisem mais tarde de gritos, de inexperiência, de puro sangue melodramático. Basta apenas um sorriso atrevido de quem sempre esteve no atrás-cortina, esperando a hora de pisar firme e dizer que chegou a minha vez!

Na Califórnia é diferente, irmão
É muito mais do que um sonho
.
(Lulu Santos)

Texto de Patrick Moraes