Levantei cedo só para olhar da janela o céu ficando claro e poder pensar que amanhã está mais perto de mim. E vi lá do décimo andar uma menina de blusa vermelha andando sozinha, sem livros, sem mochila, despedaçando uma flor aos poucos. Vai ver ela só queria brincar de mal-me-quer e querer cada pétala no chão dizendo o quanto ele a queria. Vai ver meus olhos queriam mais que tudo o amanhã embaçado da noite. Sorri sozinho de repente!
Pão, geléia de morango e um copo de leite morno. Odiava comer pela manhã, mas aquele dia era diferente, era antes de amanhã. Queria até uma amora depois do pão, uma música de Calcanhotto no rádio e apenas uma mensagem na caixa de entrada do celular com duas palavras: te espero! Mania boba de querer controlar tudo, planejar os dias e ter certeza que reciprocidade era a sonoridade de amanhã.
Peguei o carro, liguei o som e tocou aquela música que sempre sonhei ouvir deitado em tua cama, fazendo cafuné e brincando de verdades ocultas. Com certeza iríamos rir depois das besteiras e das manias irritantes que sem querer a gente confessou, mas se a cama fosse de solteiro a proximidade diminuiria a incoerência e faria de simples beliscões um carinho. Cheguei ao destino de hoje, mas a estrada deveria ser bem mais longa do que esperava. Desliguei o carro e fiquei parado por alguns segundos, perdendo aula, mas lembrando das formas estéticas que vivenciei contigo, dias atrás. O feeling que me fez despertar foi o simples bater de galho no vidro da frente. De certo, ele só queria dizer que o amanhã a gente não planeja, a gente simplesmente espera pra viver.
Texto de Patrick Moraes
2 comentários:
... e vive! adorei :)
- Desisti de dizer que adoro tudo que você escreve. Disso você.
Quero agora é um gênio da lâmpada que nos deixe menos ocupados para que possamos nos encontrar mais vezes. Quero saber de todas essas coisas assim em primeira mão =D
Postar um comentário