"Sure i can accept that we're going nowhere, but one last time let's go there." (Paolo Nutini)
Esboçava levantar e não conseguia. Rebatia a cada sensação de repulsa que imaginei. Não podia acontecer de novo e eu tinha certeza que aquele sorriso era seu. Eu via nossas juras de anos atrás serem feitas, mas dessa vez eu sabia que você estava mentindo. Ou que nós éramos como o casal de pássaros em cima da rede de fios que cortava o sobrado que você morou. Eu sabia que a moto ia virar na próxima esquina ou que seu punho forte ia ser fraco para aguentar o simples aperto de mão que você sempre demonstrava em público.
Desesperadamente eu ergui as mãos e arranquei a coberta, que dessa vez era cinza. Mas mesmo assim não conseguia abrir os olhos, eu queria te ver de verdade e tinha medo de romper com o campo de pertubação que eu enxergava. De repente te vi de outra forma, em outra cor, com outro tamanho e com a mesma maneira imbécil de conquista. De repente eu senti que agora era mais forte, menos apaixonado e mais avassalador. Era menos princesa, se reconstruia em um personagem meio épico, meio moderno, na figura mais capciosa que eu podia desenhar mentalmente. Era puramente instintivo, meramente ilusório, refletia um espírito audacioso, penetrante e canalha.
Why would you speak to me that way? - Eu talvez te perguntasse isso, eu talvez te questionasse tantos porquês que ficaria insuportavelmente assustador pra você. Mas tudo não passou de um sonho e a pergunta vinha do despertador que me chamava para outros olhos ao levantar.
Texto de Patrick Moraes
2 comentários:
Me prendeu...rs Textos assim me prendem.
Nossa, parabéns seus textos são incríveis! Tô acompanhando seu blog há pouco tempo, mas já me conquistou, sempre que tem uma postagem nova eu venho correndo ler.
Eu também tenho um blog, é o http://umminuto-parapensar.blogspot.com/
Se puder dá uma olhada, e diz o que achou =)
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