É, cara, não deu para te esperar. Não deu para esperar você decidir que a gente valia a pena e voltar. Enquanto você insistia em uma relação sem futuro por aí, eu resolvi ir em busca da minha felicidade. É que eu cansei de abrir mão do meu destino por acreditar que você viria fazer parte dele. Cansei dessa história de vai e vem e de todas as noites em que deitei ao lado das suas incertezas.
Não deu para esperar sua indecisão virar escolha, nem a ausência de possibilidades te mostrar que eu estava aqui. Segunda opção não combina com felizes para sempre, e talvez seu erro foi acreditar que a minha espera fosse sua única certeza. A gente cansa das faltas e, uma hora, a vida acaba jogando em nossa cara o prazer de se sentir completo.
Não deu para ver mais o pôr-do-sol imaginando quando seu ombro estaria ali do lado para olharmos na mesma direção. Anoiteceu e você simplesmente não veio. Anoiteceu e só tinha aquele céu de estrelas brilhando para acompanhar os meus sonhos. Acho que foi a lua quem me fez acreditar que a luz sempre existirá depois da escuridão, mesmo que as noites de insônia tentem me negar isso.
Desculpa, cara, mas não deu para retribuir as últimas mensagens de carinho. É que as cicatrizes me ensinaram a não acreditar naquilo que fere, e o nosso caso já me fez escrever todas as despedidas justas sobre a gente. Não tem mais segunda chance, nem segunda intenção, muito menos segundas amargas depois de domingos vazios. Não tem mais sofá em frente à porta, cama arrumada e o café sempre quente a sua espera. Não tem mais nossa música no radinho da sala, nosso poema preferido no livro de cabeceira, nosso retrato escondido na última página do meu caderno de escritos. Não tem mais nós.
Não deu para esperar você consertar todos as linhas mal feitas do caminho que o tempo foi desenhando para nós dois. Simplesmente não deu para te esperar, e eu resolvi abrir mão do que nunca existiu. Acho que a gente se perdeu na estrada e acabou ficando tarde para voltar em busca da direção certa. Acabou o tempo, acabou o vento. Sua ausência foi capaz de tornar brisa aquilo que um dia foi vendaval.
Texto de Patrick Moraes
Foto de Geovane Peixoto
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