sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tortos olhares


Então você pode me encarar, eu não me importo
Você é aquele que não vai a lugar algum.
(Jessie J)


Foi torto aqueles olhos, todos os olhares mal direcionados ou simplesmente perdidos no meio da multidão que nos rodeava. Foi torto todo o jeito como não dedicamos se quer uma palavra ao outro naquele instante em que apenas os ruídos de uma batida contagiava. Foi torto o jeito como eu impensavelmente quis te ter depois disso tudo pelo simples fato de te ver como um desafio.

Já não sei até que ponto se deve levar a inclinação desnaturada que alimentei pelo simples desejo em ter. E, se bem sei, entre os melhores e piores sintomas de um taurino no meio de um mar de maus olhados é a admiração terrível pelo ter. Não te quero tanto quanto me desafiei, você é simplesmente o que não tive mais cedo e preciso brincar um pouquinho agora que te levaram pra casa. Já não sei até onde você perdeu a graça em brincar ou onde eu simplesmente desisti de ultrapassar qualquer limite para ganhar esse joguinho idiota que eu criei peça a peça.

E se tudo realmente perdeu a graça, o último riso fica aqui ou quem sabe mais a frente, quando nos olharmos em meio a uma multidão de maus olhados e nos enxergamos mais uma vez como dois apáticos bonecos de plástico que foram reduzidos a puro desejo no olhar.

Texto de Patrick Moraes

2 comentários:

Mário Ribeiro disse...

- Ahazou. Há!

Francisco disse...

Pessimista? Realista?
Foi desconfortante em certos momentos, mas me pareceu um texto de alguém que está aprendendo bem... ou como diriam, um texto maduro.