sexta-feira, 27 de maio de 2011

De volta

I forgive you once again.
Adele

Pronto, aqui estou no retorno de uma estrada que talvez tenha uma saída bem distante, um cruzamento sem placas de orientação e um engarrafamento de sensações. Eu preciso estar de volta e precisava mais ainda terminar uma viagem que abandonei por conta de um atalho mal tomado. Falando em atalho, a via principal congestionou depois de tanta atenção, de uma velocidade acelerada de saudade com desejo, de um simples tocar de corpos naquela noite fria. Aconchego, calor, teus olhos pequenos, suas mãos grandes e um aperto desesperado no peito. Eu era uma bomba relógio pronta pra explodir com a próxima frase que saísse de sua boca. Por sorte, você falou pouco! Queria tantas outras coisas que até as minhas palavras se perderam na estrada principal, deixei do lado de fora e fechei a porta do carro.

Desesperador a aflição de não saber onde exatamente eu ia conseguir fazer o retorno e seguir adiante. Desesperador saber que uma hora você decidiria puxar o freio de mão discretamente e eu perderia o domínio do volante que tanto ensaiei durante meses. Mas eu escolhi essa rota, mesmo sabendo que no primeiro desvio eu poderia mais uma vez fugir, correndo, machucado e sangrando. Mero engano achar que a gente sempre está preparado pra uma nova fuga, um novo combate. Não dá pra anular esperanças quando se ama, não dá pra esconder afetividades quando se existe um amontoado delas. E foi só Adele tocar no som do carro pra eu perceber que talvez não exista mais um "nós" tão forte como antes, talvez o tempo nos fez perder o vulcão de similaridades que um dia nos tornou só amores. Amores e uma dose asustadora de inseguranças.

E hoje eu resolvi não me entender mais, não me punir mais, não me torturar com tantas dúvidas que insisto na razão de ser mais fácil. Fácil mesmo é viver, sem pensar, apenas desejando, sentindo e fazendo. Não estou tão pronto pra te encarar em uma situação avessa a que vivemos algum tempo atrás, mas estou disposto a me encontrar na solidão de dois, na tentativa furada de construir um castelo de areia sem baldes ou se quer uma pázinha de plástico. No máximo ganho uma onda pra destruí-lo em segundos e decido recomeçá-lo em outro lugar na praia, mas perto do mar!

Texto de Patrick Moraes

Um comentário:

Bruno de Azevedo disse...

Welcome back my friend!