quinta-feira, 11 de março de 2010

O tipo errado

"Os poucos que viram você aqui me disseram que mal você não faz e se eu numa esquina qualquer te vir será que você vai fugir?" (Los Hermanos)


Depois de descer do carro olhei pro céu e prometi que seria diferente a partir de hoje. Talvez não fosse, mas tenho a pscicótica idéia de sempre me prometer novos começos. Sorri sozinho e quando menos esperei sorri mais uma vez em ver que você estava ali. Eu te disse ontem que os desejos podem manipular os caminhos e nosso encontro poderia acontecer quando menos esperassemos. Não imaginei que seria aquela hora da manhã, cedo demais pra acabar minha promessa. Mas me perdi completamente nos pensamentos quando senti sua mão em meus braços. Por que você insiste em me puxar? Proximidade demais é perigoso pra mim, que ainda tento te fazer despercebido em minha vida. Mas você sorri, você é descaradamente convincente com seu charme bobo, com suas histórias, com seu perfume forte. Você é exatamente o que me deixa tonto e faz eu transformar momentaneamente as minhas convicções em simples crises de achismo.

O tipo errado que eu insisto em querer. Parece que repetir as frases marcantes depois que acaba a comédia romântica no cinema ou mesmo os chocolates em cada data especial não têm a força das simples expressões em teu rosto. Parece que a proposta que ouvi no pé da escada deixou arrepedimento e levou a oportunidade que parecia certa. Mas ainda bem que as minhas noções de certeza se confudem em sua frente. E carrego fortemente meu jeito de guardar, de ocultar o que você tanto quer. Talvez sua força se esgote nesse meu tipo exato de charme, de mostrar que a gente reveza o controle e eu também posso apertar o pause. Mas depois de tanto usar a tecla de barrinhas, é inevitável a desconfiança que você acione o stop com tanta força que a música pare e eu seja forçado a mudar de CD.

Mas mesmo assim o tipo errado é a armadinha no meio do nada. Certo quando quer, exato quando pode e convicente demais pra quem não sabe lidar com isso ainda.

Texto de Patrick Moraes